PRESERVAR AS NASCENTES E VITAL
É o que afirma o biólogo Paulo Henrique Pereira, foto, chefe do Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Extrema. Para ele Minas Gerais é a caixa d’água do Brasil, pelo seu relevo montanhoso é responsável pela grande maioria das nascentes. Segundo Pereira a redução das matas próximas das nascentes e nas margens dos rios tem contribuído para a diminuição do volume d’água. O desmatamento nos topos de morros e grotões também tem ajudado a aumentar o problema. "A função da vegetação é reter a água da chuva, que é sugada pela terra como fosse uma esponja. Está água se deposita nos lençóis freáticos, que por sua vez a libera nas nascentes e olhos d’água. Nas áreas de pastagens ou sem cobertura vegetal acontece o contrário. A água vai parar rapidamente nas calhas dos rios, na maioria das vezes carreando grande quantidade de sedimentos contribuindo para o assoreamento" – informou Pereira. O Biólogo disse ainda que este processo é o responsável pelo aumento das enchentes nas épocas das chuvas e pela drástica diminuição do volume das nascentes ou até sua extinção nos meses de estiagem.
Pereira diz que medidas simples podem evitar grandes
problemas, cercar as nascentes é uma delas. "É preciso evitar que o gado
passe por sobre as nascentes, pois o vai e vem dos animais compacta o solo
dificultando a infiltração das águas da chuva. Se área estiver degradada o
simples fato de cercar a nascente ajudará muito, as vezes não é preciso nem
plantar novas árvores, como o solo no local e bastante úmido a natureza se
encarrega de colocar tudo no lugar" – enfatizou Pereira. Mas o biólogo
salienta que proteger as nascentes se tornará uma medida ineficaz se não forem
preservadas as matas dos morros e encostas, pois uma fonte começa nascer das
águas da chuva retidas nos topos dos morros. Em locais onde os topos dos morros
são usados para atividades agropecuárias o ideal é construir curvas de nível
e bacias para captação e infiltração das águas pluviais. As curvas de
nível têm se mostrado eficientes no combate
a erosão e ao assoreamento dos rios. O ideal é preservar parte da vegetação
no topo dos morros e encostas.
A mata ciliar, vegetação das margens dos rios, também é
muito importante. Ela evita o desbarrancamento
das margens e o assoreamento. A leis de preservação ambiental determinam que
em cursos de água de até 10 metros de largura, por exemplo, seja preservada
uma faixa vegetação de 30 metros de largura em cada margem. Se fossemos
ater-nos ao texto da lei, constataríamos que a grande maioria das propriedades
do município está em desacordo, pois a realidade do uso e ocupação do solo
é bem mais antiga que a lei.
No entanto Pereira afirma que é importante recuperar áreas degradadas. "Muitas vezes os proprietários acham que recuperar a vegetação nas margens dos rios levará a uma perda no terreno, pois a área ficará no mato. A recuperação pode ser feita com árvores frutíferas e outras espécies que poderão ser utilizadas futuramente na propriedade. Mas um fato é claro se medidas não forem tomadas, poderemos ter problemas sérios com a falta d’água num futuro próximo" – enfatizou Pereira.